Escola Internacional Ecologias Feministas dos Saberes
Teresa Cunha_Produção de conhecimentos imersos em práticas transformadoras
2019-01-11

Numa época em que a análise social e cultural se torna aparente através de conceitos marcados através de prefixos como, pós-colonial, pós-social, pós-confiança, pós-política, entre outros, que derivam de uma noção de fracasso ou impotência do conhecimento e epistemologias centrados no Ocidente, é necessário buscar paradigmas alternativos que possam fomentar uma verdadeira transformação social, justiça e emancipação. Muitas intelectuais e activistas feministas há muito que têm vindo a criticar a ideia de um conhecimento abstracto, que não vem nem está em nenhum lugar nem tempo propondo, ao invés, que todo o conhecimento é situado e deve ser modesto (Haraway, 1988; 1997). A questão principal é, pois, como estudar grupos oprimidos com base na igualdade e no respeito? A nossa visão epistemológica e metodológica é guiada por uma produção de conhecimento mais colectiva e participada que requer um esforço analítico mais profundo e complexo e, neste sentido, pode ser configurada numa artesania de práticas que busca a produção de saberes situados, conectados a contextos específicos e imersos em práticas transformadoras. A linguagem privilegiada destas metodologias é a narrativa. Contar estórias - que é compatível com expressões de escrita e oralidade, teatro, música, dança e artes visuais - cria um sentido imediato e concreto de co-presença. É uma co-presença que não pode ser alcançada pela linguagem conceptual (técnica, filosófica ou científica). A co-presença precede o significado. Co-produzir conhecimento é sempre aprender com a partir de epistemologias e metodologias não extractivistas e que se baseiam em relações de sujeita/o-sujeita/o e não sujeita/o-objecto.