pt
Evento
XIV Congresso Luso-Afro-Brasileiro - Utopias pós-crise. Artes e saberes em movimento
Apresentações Programa de Investigação Alice - epistemologias do Sul
2021-09-16
Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas de Língua Portuguesa
Maria Paula Meneses, Teresa Cunha, Sara Araújo, Boaventura de Sousa Santos

 Programa detalhado do XIV CONLAB pode ser consultado >AQUI

     Quarta-feira, 15.09.2021

  • 09:00 - 10:00: Sessão de abertura
    Moderadora: Maria Paula Meneses (CES)
  • 14:00 - 16:00 
    Sessão GT04: África(s) e Amazônia(s): [re] ex(s)istências, conhecimentos, saberes, práticas e
    políticas

    Chair/coordenadora de sessão: Jacqueline Cunha da Serra Freire, Universidade Federal do Pará
    (UFPA) / Janaina Freitas Calado, UFRN / Maria Paula Meneses, Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra
  • 18:45 - 20:00 Apresentação de Livros Coleção alice - epistemologias do Sul 
    Bruno Sena Martins, José Manuel Mendes, Maria Paula Meneses, Orlando Aragón Andrade, Sara Araújo

      Quinta-feira, 16.09.2021

  •  9:00 - 11:00 
    Sessão GT23: Descolonizando histórias e memórias: o papel do Cinema na abertura a outros saberes
    Chair/coordenadora de sessão: Maria Paula Meneses, Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra / Jessica Falconi, Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento / Isabel Helena Vieira Cordato de Noronha, ICSULisboa

Apresentações
ENTRE-LUGARES DAS NARRATIVAS-MEMÓRIAS AUDIOVISUAIS DE TIMOR-LESTE E SEU POTENCIAL DECOLONIAL A PARTIR DAS OBRAS AUDIOVISUAIS DE CINEASTAS TIMORENSES.
Luis Gustavo Guimarães

Este estudo buscou compreender o potencial decolonial nas obras fílmicas produzidas por cineastas timorenses, em especial Bety Reis e Vitor Pereira de Souza, criando narrativas-memórias documentais e ficcionais audiovisuais contra hegemônicas. Os diferentes gêneros audiovisuais trazem à tona e resgatam saberes tradicionais, ressignificam tradições, criam imaginários e principalmente começam a tecer uma estética própria para além do arcabouço de imagens coloniais de sua história. Os locais e formas de produção – exibição - distribuição desses e outros filmes geram entre-lugares em virtude de ser um País permeado por tradições orais, mas que vive constantes mutações.

O OCEANO ÍNDICO NA FILMOGRAFIA DE LARA SOUSA: ESPELHO DE AFETOS, PROCURAS E REFLEXÕES
Carmen Tindó Secco

A proposta desta comunicação é, a partir dos documentários Fim e Kalunga, da autoria da jovem
cineasta moçambicana Lara Sousa, refletir acerca de alguns rumos do cinema moçambicano, hoje. Sentimentos de perda e exílio marcam o olhar da realizadora que se coloca em cena também como personagem, imprimindo um viés autobiográfico nos dois curtas Fim e Kalunga, cujas perspectivas temporais entrelaçam vários passados e o presente, efetuando diálogos intergeracionais possibilitadores de questionamentos existenciais e políticos. Em Fim, a ameaça da morte do pai, o consagrado cineasta Camilo de Sousa, faz a autora reavaliar utopias e o cinema-ação que caracterizou a atuação cinematográfica paterna no processo de descolonização de Moçambique, país tão sonhado nos tempos revolucionários e, hoje, com máscaras distantes dos sonhos libertários vivenciados por seu progenitor. Em Kalunga, a memória dos poemas da tia-avó, Noémia de Sousa, propicia o repensar crítico de um "Índico de desesperos e revoltas". Por intermédio do cinemapoesia, a realizadora reencontra um Índico de afetos, sonhos, distopias, silêncios, ritmos, religiosidades, o qual permite uma descolonização mais ampla, capaz de levar a outros caminhos como, por exemplo, o das espiritualidades, antes censuradas tanto pelos colonizadores portugueses, como pelos ideais revolucionários que trouxeram a independência de Moçambique.

O OLHAR POÉTICO DE RUY DUARTE DE CARVALHO SOBRE OS MITOS EM NELISITA: NARRATIVAS NYANEKA
Julia Goulart
Este trabalho consiste em uma análise da relação entre a poesia e o cinema do escritor e cineasta
angolano Ruy Duarte de Carvalho. A partir de um olhar crítico sobre o filme Nelisita: narrativas
nyaneka, é possível perceber uma carga poética intensa na profundidade dos recortes das cenas
cinematográficas. Característica que pode ser entendida com o auxílio teórico do conceito
deleuzeano da “imagem-movimento” (Cinema, a imagem-movimento, 1983). A intertextualidade
entre as artes, então, revela-se como uma experiência artística capaz de apreender com eficiência a profusão das relações humanas, o que, através da presença constante e imanente da Antropologia e da Etnografia no conjunto de obra do autor, produz vozes aos silenciamentos e desmitifica o olhar ocidental estereotipado quando se trata do continente africano.

DESCOLONIZAÇÃO, GÉNERO E CINEMA EM MOÇAMBIQUE: DA ÚLTIMA PROSTITUTA À VIRGEM MARGARIDA
Jessica Falconi, Isabel Noronha

Partindo de uma reflexão teórica sobre o conceito de descolonização e sobre as relações de género,
no contexto do surgimento da nova nação moçambicana, esta comunicação debruçar-se-á sobre a
análise de duas narrativas cinematográficas: os filmes “ A Última Prostituta” e “Virgem Margarida”,
ambos realizados por Licínio de Azevedo e produzidos pela Ébano Multimédia. O primeiro é um documentário realizado na década de 90, com assistência de realização de Isabel Noronha e Brigitte Bagnol, tendo por base uma pesquisa por estas levada a cabo no bairro da Mafalala e Malhangalene em Maputo, com antigas prostitutas, que em 1976 haviam sido levadas para Campos de Reeducação no Niassa e Cabo Delgado. O segundo, é um filme de ficção realizado em 2012, baseado nas histórias verídicas de quatro destas mulheres. Os dois filmes de Licínio de Azevedo, de géneros diferentes, feitos em épocas e contextos sociopolíticos e económicos bem distintos, servir-nos-ão para explorar também as relações entre cinema documentário e de ficção no contexto do cinema independente em Moçambique, questões de memória e testemunho e suas concretas ‘decli-nações’ no que se refere às relações de género.

"O HOMEM NOVO ENTRE A LUTA E OS AFECTOS": ONDE FICA A MULHER NOVA?
Isabel Helena Vieira Cordato de Noronha

Com base numa reflexão sobre o filme “O Homem Novo, entre a Luta e os Afectos (versão académica preliminar que daria origem ao filme “Sonhámos um País”) esta comunicação procurará
discutir o lugar da Mulher como parte activa do processo político da luta de libertação e nos primeiros anos após a Independência em Moçambique. Essa reflexão será feita apontando a distância entre o discurso político de Emancipação da Mulher Moçambicana e experiência existencial de construção de uma femininidade em meio a este processo. Procurarei trazer esta reflexão para o presente analisando aspectos do processo de criação conjunta deste filme, em corealização, partindo de visões distintas do processo político e da, marcadas por diferenças de género, sociais e culturais e geracionais. Pretendo assim trazer ao debate o espaço e a possibilidade
de uma construção subjectiva de género, marcada pelas grandes questões da construção de uma moçambicanidade.

  •   11:30 - 13:30 
    Sessão GT47_a: Metamorfoses do épico e de saberes nas narrativas de memória

    Chair/coordenadora de sessão: Maria Paula Meneses, Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra / Carla Braga

PENSAR AS CIÊNCIAS SOCIAIS E AS HUMANIDADES ‘PELAS PRÓPRIAS CABEÇAS’, A PARTIR DAS EPISTEMOLOGIAS DO SUL
Maria Paula Meneses

Em muitas das nossas instituições o eurocentrismo, fruto do da predominância das epistemologias do Norte, insiste em impor-se - ao nível das categorias fundamentais, gerando um desconhecimento abissal arrogante sobre parte importante das nossas realidades. Neste contexto, as epistemologias do Sul são uma forma de ampliar a liberdade académica, de pensar as instituições de ensino superior atuais, reocupando-as, metaforicamente, com projetos, seres e saberes que foram silenciados, localizados ou destruídos fruto da relação violenta, do capitalismo e do colonialismo sobre ‘a alteridade’. A declaração de Kampala, sobre a liberdade académica e responsabilidade social, produzida por intelectuais africanos associados ao CODESRIA em 1990, tem procurado ser a bandeira que representa a comunidade intelectual africana, afirmando a sua autonomia (pensar pelas suas cabeças) e apelando, em paralelo, à responsabilização dos intelectuais africanos pelas suas decisões sobre os povos do continente africano. Todavia, nós, intelectuais, não existimos num vazio. Fazemos conhecimento, com comunidades, com pessoas, com instituições. Esta apresentação procura, a partir do diálogo, pistas para alterar o algoritmo de uma relação de poder – eu faço, em direção a uma democratização do saber – com projetos conjuntos, planeados

  • 11:30 - 13:30
    Sessão GT28_b: Educação Superior, Desenvolvimento e Democracia: que conhecimentos para que sociedade(s)?

    Chair/coordenador de sessão: Jacqueline Cunha da Serra Freire, Universidade Federal do Pará (UFPA) / Carlos Cardoso, Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral CESAC

ELEMENTOS DE DECOLONIALIDADE NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO MESTRADO EM GEOGRAFIA (PPGGEO) DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO (UNEMAT)
Lisanil Da Conceicao Pereira, Teresa Cunha, Evaldo Ferreira, Miguel Castilho Júnior

A proposição do presente trabalho é visitar a produção científica do Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGGEO), da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e buscar nela elementos de decolonialidade. O objetivo não é discutir o conceito (decolonial) propriamente dito, mas entender de que forma o Programa o tem trabalhado através de sua produção acadêmica. Para tanto, buscou-se junto a bibliografia disponível a conceituação teórica que embasasse as discussões e, em um segundo momento, algumas produções já finalizadas e/ou em fase de construção foram consultadas no intuito de encontrar tais elementos. O PPGGEO-Unemat recebe profissionais das diversas áreas do conhecimento e esse fato o torna um ambiente propício para infinitas discussões, acerca dos mais variados assuntos. No desenvolvimento desse trabalho, tornou-se claro que, ainda que indiretamente, o Mestrado, através das pesquisas realizadas e sua consequente produção científica, tem transitado pelo universo decolonial e deixado sua contribuição, em se tratando das discussões sobre a temática.

  • 19:00 - 20:30
    Sessão Plenária AILPCSH

    Video Performance: Artes e Saberes em Movimento
    Moderação: Sara Araújo e Tirso Sitoe

Apresentações
GISELA CASIMIRO (GUINÉ-BISSAU, PORTUGAL)
Março de 2020: um homem é detido em Lisboa por colar cartazes alusivos a uma exposição, em vésperas de inauguração da mesma, do Dia Internacional da Mulher e do primeiro confinamento. A curadora da exposição é, também ela, constituída arguida. Um ano decorreria até a autora do poema que ofendeu a polícia ser ouvida, em vésperas do Dia Internacional da Luta contra a Discriminação Racial. O ano de 2020 foi marcado pela pandemia mas também pelo ressurgir do Black Lives Matter em todo o mundo. Portugal não foi indiferente a tal movimento, mas o que significa isso num país onde o racismo não existe? A partir deste caso nacional em que um poema sobre racismo e violência policial é censurado, propõe-se uma reflexão sobre liberdade criativa e de expressão à luz do activismo anti-racista, desde Billie Holiday a Amanda Gorman.

EMICIDA
Desde que começou a dar os primeiros passos no rap, nas batalhas de freestyle, lá pelo ano de 2006, Leandro Roque de Oliveira, o Emicida, sabia que queria ter uma carreira sólida. Talvez ele não soubesse que construiria alicerces consistentes o suficiente para ir além da sua própria trajetória. Assim, se tornou a principal referência da sua geração no rap. Mas mais do que sucesso, Emicida tem a vontade de tocar a vida das pessoas (ele rima porque tem uma missão e quer ser porta-voz de quem nunca foi ouvido). E a sua trilha sonora do artista nascido na Zona Norte foi perfeita para contar essa história. Com uma vasta discografia, Emicida encerrou o ano de 2020 com o lançamento de AmarElo - É Tudo Pra Ontem na Netflix. Trata-se de um documentário com animações, entrevistas e cenas de bastidores. Usando o show do rapper no Theatro Municipal como espinha dorsal, o filme explora a produção do projeto de estúdio AmarElo e, ao mesmo tempo, a história da cultura brasileira. Nele, estabelece-se um elo importante entre três momentos relevantes da história negra brasileira: a Semana de Arte Moderna de 1922; o ato de fundação do Movimento Negro Unificado (MNU), em 1978, pela valorização da cultura e de direitos do povo negro; e o emblemático espetáculo de estreia de AmarElo, novembro, em 2019. Suas importantes falas e ideias sobre o panorama do mundo, seja na esfera política, cultural ou social, tornou Emicida um dos mais importantes pensadores contemporâneos do país. Mesmo de modo remoto, por conta da pandemia, Emicida e a Laboratório Fantasma seguem produzindo conteúdos que têm como objetivo comprovar que a música - independente do seu formato (em um show, um game, um desfile) - é capaz de mudar o entorno e o mundo. Em 2021, o AmarElo - Ao Vivo (registro do show do Municipal) chegou aos aplicativos de streaming de áudio, enquanto o registro em vídeo ficou disponível na Netflix. O audiovisual, inclusive, tem sido uma linguagem cada vez mais forte na carreira do rapper. Ele prepara para estrear a série documental O Enigma da Energia Escura no GNT.

      Sexta-feira, 17.09.202

  • 17:30 - 19:00
    Sessão Plenária
    Da Crise à Utopia
    Moderador: Miguel Cardina (CES)

OS DESAFIOS DA TRANSFORMAÇÃO SOCIAL EM PERÍODO DE PANDEMIA INTERMITENTE
Boaventura de Sousa Santos
Com foco no campus universitário, o projecto de pesquisa-acção nas áreas de saúde sexual e reprodutiva visa fortalecer o espírito crítico e de indagação para a próxima geração de cientistas sociais. O projecto emerge de uma plataforma regional de universidades da África Austral como uma actividade extra-curricular que, para além de fortalecer a capacidade de pesquisa académica, dota estudantes de habilidades e competências (para além das técnicas providenciadas pelos currículos universitários) e enfatiza a formação de capacidades de liderança para engajamento e cidadania. O grupo-alvo prioritário do projecto são as jovens estudantes devido ao impacto da pressão e do policiamento para as conformar com a identidade de género feminina (também no espaço universitário).