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Slam Poetry (Manifesto)

Raquel Lima
Publicado em 2019-04-01

No Slam manifesto ou Manifesto do Slam

 

O Slam não é uma empresa, controlada pelo lucro, fama e prestígio.
O Slam é da rua, das pessoas, e deixa no seu território o seu vestígio.
O Slam é livre e espontâneo! Não é comercial, de forma metafórica ou literal.
O Slam vem do peito e das pernas, vem dos braços e dos abraços.
O Slam vem de dentro para fora, e vem de fora dos cansaços.
O Slam não é fraude, nem é plágio, nem é uma patente.
O Slam é da gente, do bairro e nasce da poesia omnipresente.
O Slam não é um franchising de investimentos em cadeia.
O Slam é o grupo de aranhas na construção duma mesma teia.
O Slam não é uma corporação, um comité nem uma comissão.
O Slam não é um departamento poético nem a sua subversão.
O Slam vem do corpo irrequieto e da alma desassossegada.
O Slam voa alto sobre a performance e a palavra vomitada.
E no Slam não há júri especializado ou da crítica erudita.
O Slam é a palavra viva que às vezes é escrita, mas é sempre dita!
O Slam é descomplicado, reinventado, transformado e mal falado.
O Slam é filho do pai e da mãe, mas ser órfão é o seu fado.
O Slam não tem amigos fiéis, mas em cada esquina há um “slamigo”.
Não tem mentores, instrutores nem pastores que o evangelizem.
O Slam é feito de palavras de sonhos, mesmo dos que não se concretizem.
O Slam é genuíno e transparente, é vivo e cresce a cada dia.
Quem o plantar deve regar, e deixar germinar com boa energia.
O Slam é menos negócio, menos estratégia, menos compra e venda.
Menos ego, menos poder, menos heróis e menos lenda.
O Slam é de cada um, pessoal e intransmissível, mas também é comunidade.
O Slam é feito dessa ponte entre cada país e cada cidade.
O Slam precisa ser emancipado, valorizado e respeitado.
Mas logo a seguir libertado, ignorado e deixado de lado.
O Slam é o filho bastardo da poesia, e há que estar alertado.
Seguramente nem todos o sabem, porque o Slam vai ser sempre um fedelho.
Mas deixa o teu Slam no Manifesto, porque o Slam-Seguro morreu de velho.


RL (03/01/2014)

 

 

Referências e sugestões adicionais de leitura:

Lima, Raquel (2014), No Slam manifesto ou Manifesto do Slam, acessível em: https://www.facebook.com/notes/poetry-slam-sul/no-slam-manifesto-ou-manifesto-do-slam/504309616350973/

 


Raquel Lima é doutoranda em Pós-Colonialismos e Cidadania Global no Centro de Estudos Sociais, com a sua investigação focada na oratura, raça, género e movimentos afrodiaspóricos. É poeta e artista de spokenword e foi co-fundadora do PortugalSLAM - Festival Internacional de Poesia e Performance.

 

 

Como citar

Lima, Raquel (2019), "Slam Poetry (Manifesto)", Dicionário Alice. Consultado a 28.03.24, em https://alice.ces.uc.pt/dictionary/?id=23838&pag=23918&id_lingua=1&entry=24317. ISBN: 978-989-8847-08-9