A Saúde Coletiva em Diálogo com as Epistemologias do Sul
2017-12-18

A Saúde Coletiva em Diálogo com as Epistemologias do Sul Marcelo Firpo de Souza Porto (CES/ENSP/FIOCRUZ) Comentador: João Arriscado Nunes (CES) 14 de dezembro de 2017 A Saúde Coletiva brasileira resulta das lutas sociais por saúde que ocorreram a partir de 1970 no âmbito da Medicina Social Latino Americana, e está centrada principalmente na concepção estruturalista da determinação social. Ou seja, os problemas de saúde das populações são compreendidos como resultantes das desigualdades sociais geradas pelo capitalismo, ainda que tal visão oscile de acordo com diferentes correntes teóricas e políticas. Em 1979 foi criada a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), e principalmente após a chamada Constituição Cidadã de 1988 os avanços se deram com a criação de inúmeras políticas públicas, instituições acadêmicas e do SUS, o Sistema Único de Saúde brasileiro. As últimas décadas têm sido extremamente ricas em termos de experiências teóricas, metodológicas e práticas sociais vinculadas a diversas áreas tais como: saúde mental; saúde e ambiente; educação popular e comunicação em saúde; saúde das populações do campo, florestas e águas; atenção básica e saúde da família em condições de vulnerabilidade extrema, entre outras. Inúmeras questões têm surgido a partir do diálogo recente entre a Saúde Coletiva e as Epistemologias do Sul, entendida como uma proposta teórica e metodológica que articula os três eixos (capitalismo, colonialismo e patriarcado) de dominação do projeto moderno de matriz eurocêntrica. Por exemplo, qual a especificidade da saúde no contexto das lutas sociais na América Latina? Como compreender proposições como a linha abissal, as sociologias das ausências e das emergências a partir das experiências da Saúde Coletiva? Nesse contexto, quais tensões, limites e desafios surgem para a construção de sociedades pós-coloniais e pós-abissais em termos de lutas emancipatórias? _________________________________________________________________ Collective Health in Dialogue with Epistemologies of the South Marcelo Firpo de Souza Porto (CES/ENSP/FIOCRUZ) Comments: João Arriscado Nunes (CES) December 14, 2017 Brazilian Collective Health is the result of social struggles for health occurring since 1970 within the scope of Latin American Social Medicine and is mainly focused on the structuralist conception of social determination. That is, the health problems of populations are understood as consequences of social inequalities generated by capitalism, even if such a perspective wavers according to different theoretical and political standpoints. In 1979 the Brazilian Association of Collective Health (ABRASCO) was created, and especially after the so-called Citizen's Constitution of 1988, advances were made with the creation of numerous public policies, academic institutions and the SUS, the Brazilian Unified Health System. The last decades have been extremely rich in terms of theoretical, methodological experiences and social practices related to several areas such as mental health; health and environment; popular education and health communication; health of rural populations, forests and water; basic health care and family health in conditions of extreme vulnerability, among others. Numerous issues have stemmed from the recent dialogue between Collective Health and Epistemologies of the South, understood as a theoretical and methodological proposal that articulates the three axes (capitalism, colonialism and patriarchy) of domination of the modern Eurocentric matrix project. For instance, what is the specificity of health in the context of social struggles in Latin America? How to understand propositions such as the abyssal line, sociologies of absences and emergencies from the experiences of Collective Health? In this context, what tensions, limits, and challenges surface for the construction of postcolonial and post-abyssal societies in terms of emancipatory struggles?