I Encontro dos/das Atingidos/as – Quem perde com os Megaeventos e Megaempreendimentos lança carta à sociedade e uma agenda comum de lutas para 2014.
Isabella Gonçalves Miranda
Especial para ALICE News
05 May 2014
Atingidos e atingidas pela Copa, Olimpíadas e megaempreendimentos de 12 cidades do Brasil se reuniram em Belo Horizonte entre os dias 1 a 3 de Maio, 40 dias antes da realização da Copa do Mundo, para trocar experiências de luta e de resistência aos processos que conduzem a um modelo de país e de mundo privatista, que viola os direitos das pessoas e ameaça a vida dos setores mais oprimidos da sociedade.
Participaram do encontro cerca de 600 pessoas de comunidades impactadas pelas remoções forçadas no contexto da Copa e Olimpíadas: ambulantes, pessoas em situação de rua, profissionais do sexo, juventude negra, povos tradicionais e diversas organizações e movimentos sociais. Estiveram também presentes ativistas da África do Sul e da Grécia que vivenciaram experiências de violação parecidas em seus países com os megaeventos.
O encontro foi um espaço de formação, troca de experiências e saberes, e de deliberação sobre as principais pautas políticas e estratégias de luta assumidas coletivamente não apenas na Copa do Mundo, mas em um contexto nacional ampliado em que os megaprojetos de desenvolvimento tem se interposto à vida e dignidade das populações do campo e da cidade.
No dia 3 uma Carta à sociedade (clique aqui para ler a íntegra) amplamente discutida e votada em assembléia durante o encontro foi lançada com as principais denúncias e pautas políticas dos atingidos. Foi também lançada uma agenda de lutas que tem início no dia 15 de Maio, dia internacional de luta contra a Copa do Mundo da FIFA.
“Reunidos em Belo Horizonte no “I Encontro dos(as) Atingidos(as) – Quem perde com os Megaeventos e Megaempreendimentos”, de 1 a 3 de maio de 2014, constatamos que as violações geradas a partir dos megaprojetos e da saga privatista é comum em todas as cidades-sede da Copa 2014. Afirmamos que a Copa e as Olimpíadas estão a serviço de um modelo de país e de mundo que não atende aos interesses gerais do povo trabalhador e dos setores oprimidos pelo sistema capitalista. A Lei Geral da Copa, inconstitucional e autoritária, escancara que o Estado funciona a serviço das corporações e das empreiteiras. Abaixo expressamos algumas dimensões do sofrimento do nosso povo, potencializados pelos megaeventos como a Copa e as Olimpíadas.”
O evento foi encerrado com uma grande marcha na cidade de Belo Horizonte na qual participaram mais de 1000 pessoas atingidas diretamente pela Copa. O ato, 100% ANTICOPA e 100% popular, percorreu 4 km da cidade, passando pela Faculdade de Direito onde voluntários da FIFA eram treinados, e terminou junto ao relógio que marca a contagem regressiva para a Copa do Mundo, onde foi queimada uma replica da taça da Copa e símbolos da Coca Cola e outros patrocinadores. Com batuque e palavras de ordem os atingidos e as atingidas marcaram um GOL dos movimentos sociais contra a Copa de exceção!
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