O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos lançou um desafio para que o Fórum Social Mundial tome posições políticas alinhadas durante participação na primeira mesa de convergência do evento, Globalização, desigualdade e a crise civilizatória, hoje, 20 de janeiro, no Auditório Araújo Viana.
Assessoria de Imprensa FSM-FST2016
20 Jan 2016
Contente com o “cheirinho de alecrim” vindo de Portugal, onde recentemente a esquerda unida derrubou um governo conservador, disse não entender porque a esquerda não se une. “O Fórum para continuar tem que ter posição política. Temos que ter posição em defesa dos índios, dos camponeses, dos quilombolas”, afirmou, questionando por que não houve a globalização alternativa.
“A agenda sempre foi contra o neoliberalismo e não contra o capitalismo, mas durante esses anos vimos que o neoliberalismo se tornou a única forma de capitalismo que existe”, disse. “A Europa, que via as políticas do FMI aplicadas nos países do Terceiro Mundo, agora vive a violência, o pesadelo de ver a pilhagem do seu salário, de sua vida”.
“Temos que dar uma resposta às alternativas lançadas pelo Fórum”, declarou a argentina Cristina Reynold, representante da Aliança Internacional de Habitantes.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, propôs fazer uma auditoria nas dívidas dos países, a exemplo do Equador, como forma de enfrentar a política predatória do capitalismo que tanto oprime e empobrece os povos. “Vamos levar essa proposta ao debate na assembleia dos movimentos sociais, que ocorre na manhã de sábado (23), último dia do evento, mostrando que é possível combater o rentismo e o processo de globalização do capital e seguir construindo um outro mundo com mais igualdade, avanços sociais e solidariedade entre os povos e as pessoas”, ressaltou.
A crise na Europa foi lembrada entre os participantes como exemplo de falência do modelo capitalista. “O que está acontecendo na Europa e a demonstração do fracasso do capitalismo”, afirmou Socorro Gomes, presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz-Brasil).
O jornalista austríaco Leo Gabriel destacou a guerra mundial que se estabeleceu no território sírio – que mata mais civil do que militares com os bombardeios – está fazendo uma Europa “dividida entre os que não querem os estrangeiros e os que apoiam os refugiados”.
Palestina
A italiana Mauren Mantovai, coordenadora de Relações Internacionais da organização Stop the Wall (criada para combater a construção do muro na Cisjordânia pelo governo de Israel), pediu pela continuidade do apoio à Palestina Livre e ao boicote às empresas armamentistas de Israel que funcionam em todo mundo.
“Em nenhum momento Israel foi chamada à responsabilidade pela ONU pelo apartheid a que submeteu o mundo árabe e segue vendendo metodologia de construção dos muros a outros países, exportando sistemas de repressão, além da venda de armas”, denunciou.
A mesa teve mediação de Alaa Talbi, da Tunísia, e de Salete Camba, diretora da FLACSO-Brasil.
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