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Alice Interview 04 – Elisio Macamo – Fernando Goya Maldonado 05/06/2012

In this interview, Elísio Macamo comments on broad thematic canon through the use of catchy phrases like the illusion that History is just a machine and there is life beyond the concepts we use. By applying a critical sociology, Elísio Macamo dissects the ambivalence of modernity in Africa imprinted by colonialism and the politics of development aid. He analyses scientific knowledge, together with other forms of knowledge, and compares them with endogenous knowledge. In sequence, the author discusses the different forms of social protest and their non-direct relation with social movements. Finally, the author discusses the assumptions of the sociology of risk, using as examples Europe and the United States.

 

Interview in Portuguese.

 

 

Long Description in Portuguese:
Há vida para além dos conceitos. Entrevista com Elísio Macamo por Fernando Goya Maldonado

Palavras-chave:

África. Modernidade. Colonialidade. Políticas de Desenvolvimento. Conhecimento Científico e Endógeno. Ações de Contestação. Movimentos Sociais. Sociologia do Risco.

Biografia:
Elísio Macamo nasceu e cresceu em Moçambique, estudou em Maputo (Moçambique), Salford e Londres (Inglaterra) e Bayreuth (Alemanha). Atualmente é Professor Assistente de Estudos Africanos da Universidade de Basileia e membro dos conselhos científicos das revistas. Elísio Macamos publicou livros e artigos nas áreas da sociologia do risco, da política, da religião, do trabalho e do conhecimento, bem como escreve regularmente na imprensa moçambicana. Mais sobre o autor em: http://zasb.unibas.ch/about/people/macamo/

Perguntas:
1. Para dar início a esta entrevista, começamos por uma pergunta relacionada a uma temática recorrente em seus trabalhos que é experiência africana frente à modernidade. Sob essa perspectiva, em que medida pode-se pensar a modernidade em termos analíticos e qual a seria a sua influência em África?

2. A segunda questão busca identificar, sob uma perspectiva crítica, interlocuções entre a experiência (ambivalente) de modernidade ocorrida em África e as intervenções normativas promovidos pelos programas de ajustamentos estruturais no continente. De que forma os conceitos de regulação e emancipação social de Boaventura de Sousa Santos podem contribuir para essa reflexão?

3.  Esse projeto de modernidade não somente constituiu uma superioridade entre sociedades modernas e sociedades tradicionais, mas também entre forma de saberes, hierarquizando o conhecimento científico frente a outras formas de conhecimento, como conhecimento local, conhecimento indígena. Seria possível conceber esse outros saberes como conhecimentos endógenos? Entende possível que essas outras epistemologias possam entrar em diálogo e intercâmbio, não somente entre elas, mas também com o conhecimento científico? Quais seriam as condições necessárias para uma experiência de tradução entre esses saberes?

4. Em recente trabalho, o Professor reflete sobre as ações de crítica e contestação social. Essas ações assumem particular importância sob uma perspectiva de epistemologias do sul, pois são nessas ações de protesto e indignação coletiva que lutas sociais emancipatorias são constituídas. No entanto, o Professor percebe nesse trabalho que o conceito de movimentos social pode enfrentar limitações para os estudos africanos da contestação social. Quais seriam essas limitações? Existe algum conceito que poderia descrever com maior precisão essas políticas de contestação social em África?

5. Muito interligada com a questão anterior, como distintas intensidades de moral pode auxiliar na compreensão os sentimentos de raiva e ultraje envolvidos nessas ações de protesto?

6. Por fim, de que forma uma sociologia do risco pode servir para uma compreensão das experiências e os desafios da democracia, não somente dos Países Africano de Língua Oficial Portuguesa, mas também dos países do sul global? Poderia essa perspectiva facilitar um diálogo intercultural sul — sul global? Teria a Europa capacidade aprender com as possíveis lições desse diálogo?

Breve resumo:
Elísio Macamo, por entre afirmações marcantes, classificando como ilusão a ideia da historia como maquina justa ou defendendo a existência  de vida para além dos conceitos que usamos, tece comentários sobre um leque temático amplo. Sustentando-se numa sociologia crítica, Macamo reflete sobre a ambivalência da modernidade em África impressa pelo colonialismo e pelas políticas de auxílio ao desenvolvimento, bem como sobre o conhecimento científico, que relaciona com outras formas de saberes, como os saberes endógenos. Em seguida, o autor discorre sobre as distintas formas de protesto social e a sua não direta relação com movimentos sociais. Por fim, debate os pressupostos da sociologia do risco, utilizando como exemplos a Europa e o Estados Unidos.

 

Literatura:

2011: “Social Criticism and Contestation: Reflections on the Politics of Anger and Outrage” in: STICHPROBEN – Vienna Journal of > African Studies 20/2011, pp.45-68.

2010: “Social Theory and Making Sense of Africa” In: M. Diawara, B. Lategan and J. Rüsen (eds.): Historical Memory in Africa – Dealing with the Past, Reaching for the Future in an Intercultural Context. New York : Berghahn Books;

2006: The hidden Side of Modernity in Africa – Domesticating savage lives. In: Sérgio Costa, J. Maurício Domingues, Wolfgang Knöbl, Josué P. Da Silva (eds.) The Plurality of Modernity: Decentring Sociology. München: Rainer Hampp Verlag. S.161-178.