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Mais fotos e conteúdos relacionados ao lançamento da Ópera Rap Global

Ópera Rap Global, baseada em obra de Boaventura de Souza Santos, propõe misturar erudito e popular

Sul 21
15 Ago 2013
Milton Ribeiro

Parecia um evento simples, mais um entre tantos, mas não era. Nesta sexta-feira (13), a imprensa foi convidada para assistir, no Museu Júlio de Castilhos, ao lançamento do Projeto Ópera Rap Global. No programa, a apresentação da abertura do espetáculo com dança solo acompanhada de percussão, leitura cênica do prólogo da ópera e apresentação de um dos temas musicais, executado pelo compositor Pedro Dom ao piano, mais flauta, trompete, trompa e percussão. Tudo isso além da fala do professor Boaventura de Sousa Santos, sociólogo e escritor português. Foi menos de meia hora, mas foi muito satisfatório.

Confira álbum de fotos publicado no Flickr pelo Instituto Trocando Ideia (Fotos: Fabiana Menine)

Já na entrada recebemos um pequeno caderno que demonstrava que o grupo sabia muito do assunto “cultura popular x cultura erudita”. Na contracapa de um folder com uma gravura de arte popular, podia ser vista uma fotografia de James Joyce. A presença do genial irlandês é tudo, menos casual. Anos depois de usar carradas de cultura popular em seus poucos e notáveis livros, o escritor têm sido abraçado pelo cinema, rock, operetas, romances gráficos e, principalmente, pelo teatro.

Porém, a dois parágrafos atrás, alguns leitores do Sul21 podem ter ficado surpresos com o nome do professor Boaventura, mas pensemos um pouco. Boaventura de Sousa Santos (1940) é doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick. É também diretor dos Centro de Estudos Sociais e do Centro de Documentação 25 de Abril e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa — todos da Universidade de Coimbra.

Alguém com esta bagagem, sabe que esse negócio de elitismo, essa conversa de alta e baixa cultura, é relativamente recente e nunca existiu para figuras como o citado Joyce. O que há são produtos culturais bons ou ruins dentro das culturas erudita e popular. Poderia passar a palavra ao compositor norte-americano Steve Reich?

Todos os músicos do passado, começando na Idade Média, estavam interessados na música popular. A música de Béla Bartók se fez inteiramente com fontes de música tradicional húngara. E Igor Stravinsky, ainda que gostasse de nos enganar, utilizou toda a sorte de fontes russas para seus primeiros balés. A grande obra-prima Ópera dos Três Vinténs, de Kurt Weill, utiliza o estilo de cabaret da República de Weimar. Arnold Schoenberg e seus seguidores criaram um muro artificial, que nunca existiu antes. Minha geração atirou o muro abaixo e agora estamos novamente numa situação normal. Por exemplo, se Brian Eno ou David Bowie recorrem a mim e se músicos populares reutilizam minha música, como The Orb ou DJ Spooky, é uma coisa boa. Este é um procedimento histórico habitual, normal, natural.

E Boaventura falou brilhantemente. Explicou o tema da ópera, falou em Occupy Opera, em apagar fronteiras e apresentou o personagem fictício Queni N.S.L. Oeste, de sua criação por ele e que inspirou o projeto. Este acaba de ser aprovado na Lei Rouanet e passa agora para a fase de captação de recursos.

A ópera é baseada no livro Rap Global, de autoria do próprio Boaventura, que nele utiliza o heterônimo do citado Queni N.S.L. Oeste — alusão irônica ao rapper americano Kanye West. São 100 páginas de poesia rimada, Boaventura deixa clara sua raiva e insatisfação diante da situação mundial e, para que o livro pusesse tornar-se ópera, foi necessária a presença de Renan Inquérito, poeta, rapper e geógrafo que criou o roteiro.

Resumidamente, pode-se dizer que a Ópera Rap Global é efetivamente um projeto inovador que reúne o erudito e o popular, a linguagem sofisticada e o coloquial das ruas. Dizem os organizadores: “Não se trata de igualar e sim de identificar formas de intervenção de uma arte sobre outra”.

Para Renan Inquérito, o que representa a obra é o personagem Queni N.S.L. Oeste o qual representa “um grito contra todos os outros gritos que até agora deram em nada. Ele representa os palestinos na faixa de gaza, os camponeses expulsos do campo, os imigrantes ilegais em busca de uma vida melhor em algum país do primeiro mundo. O Queni representa negros, mulheres e todos aqueles que de alguma forma são oprimidos pelo sistema vigente”.

O pequeno trecho mostrado deu mostras da excelente qualidade do grupo instrumental formado por Pedro Dom, Leandro Rodrigues, Joca Ribeiro, John Silva e Ianes Gil Coelho, assim como do rapper e roteirista Renan Inquérito.

Ficamos no aguardo.

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