Mais uma vez, a população portuguesa saiu às ruas em dezenas de cidades para se manifestar contra as medidas e os rumos escolhidos pelos governantes do país em meio à conjuntura de crise.
Em Coimbra, milhares deixaram os seus lares e seus afazeres para se juntar ao protesto convocado pelo movimento “Que se lixe a troika!“, na tarde do último sábado (2) (confira abaixo imagens da manifestação), que contou com também com o apoio de agremiações sindicais, entidades de classe e outras organizações da sociedade civil. O mesmo coletivo fez o chamamento para as massivas mobilizações de 15 de setembro do ano passado.
De acordo com os organizadores, cerca de 1,5 milhão aderiram aos protestos em todo o país, que foram embaladas ao som de “Grândola, Vila Morena“, de José Afonso. A canção-símbolo da Revolução de 25 de Abril de 1974, que colocou fim à ditadura salazarista, vem sendo entoada em seguidos atos de protesto contra o governo. Um dos trechos da música – que diz que “O povo é quem mais ordena” – foi utilizado como mote para convocar o público.

Na moção de censura popular divulgada por ocasião das manifestações, os organizadores questionam, entre outros pontos, a legitimidade dos diferentes governos associados à chamada troika – articulação formada pela Comissão Europeia (CE), pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Pressionado pela conjuntura de aumento da dívida e do agravamento da crise, Portugal assinou um memorando de entendimento com a troika, em que se compromete a aplicar medidas de austeridade e se submete a revisões períodicas para a liberação de parcelas, para ter acesso a recursos de refinanciamento da dívida.
“Este governo não nos representa. Este governo é ilegítimo. Foi eleito com base em promessas que não cumpriu. Prometeu que não subiria os impostos, mas aumentou-os até níveis insuportáveis. Garantiu que não extorquiria as pensões nem cortaria os subsídios de quem trabalha, mas não há dia em que não roube mais dinheiro aos trabalhadores e reformados. Jurou que não despediria funcionários públicos nem aumentaria o desemprego, mas a cada hora que passa há mais gente sem trabalho”, destaca a moção. “Que o povo tome a palavra! Porque o governo não pode e não consegue demitir o povo, mas o povo pode e consegue demitir o governo. Não há governo que sobreviva à oposição da população”.
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