Durante sua participação na mesa “Direitos Humanos e Educação Popular”, a ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, foi cobrada sobre posições polêmicas do governo com relação aos Direitos Humanos, no Fórum Social Mundial (FSM) Temático, nesta sexta-feira (22), em Porto Alegre.
Sul 21
Fernanda Canofre
23 Jan 2016

A ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Gomes, participa de debate sobre Educação Popular e Direitos Humanos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
A cobrança partiu do sociólogo português, professor da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos, que também foi orientador da ministra em seu pós-doutorado. Boaventura parabenizou a importância de trabalhos anteriores de Nilma junto ao Conselho Nacional de Educação e como pesquisadora negra, mas fez a ressalva: “Eu quero lhe dizer que toda esta conquista está a ser posta em causa hoje aqui no Brasil. Não deixe que isso aconteça, uma vez que é a ministra da Igualdade Racial”.
Ele ainda repudiou o veto presidencial ao projeto de lei proposto pelo senador Cristovam Buarque (PDT), que previa ampliar o ensino de línguas indígenas no ensino fundamental. “Quero chamar-lhe atenção ministra, porque sei que a senhora é sensível a isto: a presidente Dilma vetou uma lei pela diversidade indígena, que a nosso entender, deve ser repudiado. Como pode que um governo de esquerda diga que a diversidade linguística é um obstáculo ao desenvolvimento deste país? Não é aceitável”, disse ele, pedindo ajuda aqueles dentro do governo que são “solidários” para que trabalhem ajudando o Brasil a manter sua “pluralidade democrática”.
Nilma – que se tornou a primeira reitora negra de uma universidade federal no Brasil, em 2013 – tomou posse no início de outubro de 2015 de um novo ministério que combinou a Secretaria de Políticas para as Mulheres, Secretaria de Políticas Públicas para Igualdade Racial e Secretaria de Direitos Humanos numa pasta única.
Ela respondeu a Boaventura: “Não é fácil, não está sendo fácil e não será fácil. Mas se tem uma coisa que aprendi com os movimentos sociais, é que não estamos sozinhos (…) Boaventura, aceito os desafios. Naquilo que diz respeito a nossa pasta, naquilo que eu posso intervir, conte comigo, sabe que vou estar lá. Devagarzinho e sempre como sempre fiz”.
A ministra defendeu avanços sociais conquistados “devagarzinho com luta, com todas as dificuldades”, no Brasil e na América Latina nos últimos anos. Nilma destacou que se trata de “momento político difícil” e afirmou que o ministério, “ainda em fase estrutural”, tem entre suas prioridades combater o “acirramento do fundamentalismo” e “manter os direitos das pessoas acima dos interesses do mercado”. “Não se pode perder a esperança”, disse
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