O presente projeto irá analisar as experiências e reflexões das pessoas com deficiência enquanto testemunhos edificantes de crítica social, com particular atenção aos ex-combatentes da Guerra Colonial portuguesa (1961-1974) e às vítimas do desastre de Desastre de Bhopal (1984). Frequentemente demarcadas enquanto “corpos estranhos” da memória social, as pessoas com deficiência surgirão no âmago deste projeto quais indicadores sensíveis das violências incessantes por que procede a ordem mundial longamente imposta pelo Norte global. Assim, olhando para o modo como a exploração intensiva dos recursos, sob os ditames da acumulação capitalista, na senda dos impérios coloniais modernos, tem perpetrado uma multitude conflitos bélicos e riscos ambientais, somos confrontados com histórias silenciadas de vidas experimentadas na violência. Emergem, assim, os corpos não celebráveis do capitalismo global: os corpos mutilados pela guerra, pela carência e pelos desastres ambientais. Estamos perante testemunhos da violência colonial, da violência capitalista e dessa outra violência que, sobre a forma de silenciamento e exclusão, desproporcionadamente marca a experiência social da deficiência.