O projeto analisa a forma como os acontecimentos extremos revelam o trabalho político necessário para colocar os grupos e os indivíduos descartáveis no exterior dos imaginários dos estados-nações. Tomando como estudos de caso os movimento populares Barh Mukti Abhiyaan e National Dalit Watch na Índia, o objetivo é propor uma abordagem analítica que, baseada numa ecologia dos saberes e nas lutas contra-hegemónicas pelos direitos humanos, consolida o desenvolvimento de epistemologias cívicas relacionadas com os desastres e as catástrofes.
Estas epistemologias cívicas emergem a partir das experiências acumuladas de populações locais excluídas que baseiam as suas acções quotidianas na ajuda mútua, na solidariedade e na construção de comunidades de desastre que desenvolvem a capacidade para resistirem, para recuperarem e reestabelecerem os laços sociais, os seus modos de vida e os lugares que habitam. A análise proposta tem como pano de fundo o papel em mudança dos Estados na gestão dos desastres. As novas políticas são promovidas por agências internacionais que consolidam o capitalismo de desastre, de que a Índia é um exemplo após a aprovação do Disaster Management Act de 2005.