Esta investigação busca desenvolver uma teoria crítica e pós-colonial do consumo, ao mesmo tempo que propõe a observação de práticas não-capitalistas de economia e de consumo – a saber, as economia solidária e indígena –, verificando as condições de tradução intercultural e de articulação entre elas. Procura-se responder a duas questões principais: (1) Poderá o consumo, na condição de fenómeno social, configurar-se como uma experiência emancipatória, ultrapassando o sistema de classificação social que usualmente o caracteriza? (2) Será possível a tradução intercultural entre diferentes experiências de consumo e troca económica? Nestes termos, a investigação constitui um estudo comparativo que procura identificar as condições de inteligibilidade entre os clubes de troca/mercados solidários no Brasil e em Portugal (como prática de consumo solidário) e os circuitos de troca e reciprocidade (economias interna e de troca) das  mulheres guajajara (Maranhão/BR) e do Alto Rio Negro (Amazonas/BR). Acrescenta-se que, nesta investigação, a questão de género revela-se como importante recorte na observação destas formas não-capitalistas de economia e consumo.