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Seminário Avançado ALICE – Alberto Gomes – ALICE in Indigenous Wonderland

Video em Inglês.

Coimbra, 2013-01-24

Minha apresentação dirigir-se-á à questão de como as lições surpreendentes refletidas pelos espelhos estranhos da onto-epistemologia indígena podem contribuir na busca por espistemologias alternativas e por visões sustentáveis de futuro. Há mais de três décadas, eu adentrei nas profundezas da “selva” malaia (a minha “toca do coelho”) no âmbito do meu projeto antropológico de análise cítica do desenvolvimento orientado ao capitalismo através da modernização e da introdução dos indígenas na sociedade hegemónica. Sucintamente, meus resultados revelaram como e porque estas comunidades indígenas têm sido cada vez mais marginalizadas como consequência do seu embricamento com a modernidade. Na minha jornada intelectual, deparei-me com inúmeros personagens de uma realidade que denominarei país das maravilhas indígena.  O exótico tornou-se familiar para mim de tal forma que eu me encontro encantado por este país das maravilhas. Estas lições manifestam-se naquilo que o acadêmico/ativista Maori, Makere Stewart Harawira, referiu como uma dádiva das “ontologias indígenas em tempos perigosos”. As muitas, surpreendentes e ricas lições ontológicas e epistemológicas deste país das maravilhas não cabem no espaço reservado para minha intervenção. Por essa razão, concentrar-me-ei em duas delas: de um lado, a ecologia sagrada indígena, que nos dá pistas para radicalizar a ecologia humana; de outro lado, a consciência histórica dos povos indígenas, que nos permite naturalizar histórias, desafiar e re-mapear historiografias ocidentais que têm apartado natureza da história humana de uma maneira verdadeiramente cartesiana. Antropólogos têm publicado largamente sobre os povos indígenas, é chegada a hora de narrarmos o que temos aprendido dos povos indígenas.