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Colóquio Internacional Epistemologias do Sul – Sessão de Abertura

Foram três dias intensos de apresentações, debates e trocas. Entre 10 e 12 de julho, realizou-se na Universidade de Coimbra o Colóquio Internacional Epistemologias do Sul – Aprendizagens Globais: Sul-Sul, Sul-Norte e Norte e Sul, como parte do Projeto ALICE. Enquanto as gravações das sessões plenárias estão sendo preparadas, ALICE News partilha alguns registros do encontro

Maurício Hashizume/Equipe ALICE News
17 Jul 2014

A questão central da política do conhecimento foi enfatizada desde os primeiros momentos do evento. Na cerimônia de abertura (manhã 10 de julho), o professor Boaventura de Sousa Santos, coordenador do Projeto ALICE e diretor do Centro de Estudos Sociais (CES), condenou a lógica da guerra que prevalece no espaço-tempo dos cânones dominantes que oprimem e excluem, bem como convocou a pluralidade e a ecologia de saberes contra o colonialismo, capitalismo e patriarcado. Ao realçar que o colóquio se realizava em uma das universidades mais antigas da Europa, sinalizou para que os conhecimentos contra-hegemônicos se unam para se fortalecer como o “feixe de varas” estrategicamente posicionado no centro do palco, símbolo da luta dos povos indígenas no Brasil oferecido por lideranças da Raposa Serra do Sol que estiveram em outro colóquio no final de junho.

Cerimônia de abertura; clique na imagem para ver o álbum do Colóquio Epistemologias do Sul (Foto: Rodrigo Reis)

Em linha com esse esforço por aproximações, o presidente do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso), Pablo Gentili, anunciou a assinatura de um novo convênio de parceria com o CES, que deve propiciar iniciativas transcontinentais, pari passu com o aprofundamento de articulações com o análogo Conselho para o Desenvolvimento de Pesquisas em Ciências Sociais na África (Codesria), justamente para incentivar o intercâmbio Sul-Sul, por meio de uma plataforma de projetos comuns.

Também o reitor da Universidade de Coimbra (UC), João Gabriel Silva, e o diretor da Faculdade de Economia (FEUC), José Reis, marcaram presença na abertura do colóquio internacional. O reitor citou a complexidade do intento da instituição em buscar se manter permanentemente relevante durante tanto tempo (no caso da UC, por longevos 724 anos, desde 1290), através da abordagem de assuntos decisivos para a sociedade. “Esse tipo de eventos é a razão de ser da universidade”, disse.

Sessão de abertura
Boaventura de Sousa Santos abriu o colóquio com um conjunto de reflexões em torno do tema central do evento: as chamadas “epistemologias do Sul”, que vem a ser os conhecimentos e saberes associados à vasta diversidade política, econômica e cultural de experiências sociais e modos de vida existentes no mundo que são sistematicamente invisibilizados e fragilizados pela supremacia de um modelo único “nortecêntrico” e violador de direitos e de dignidades. Entre inúmeros apontamentos, reforçou, em linhas gerais, o seu “otimismo trágico” com relação às possibilidades de “reconstrução da possibilidade da esperança” frente a um cenário de “dronificação” da política e do poder, marcado pela extrema desproporção dos recursos das partes que ocupam posições de comando. Para interromper essa máquina, expôs riscos e sublinhou uma série de desafios (assista à íntegra da abertura).

Gurminder Bhambra e Arturo Escobar; clique na imagem para ver o álbum do colóquio (Foto: Rodrigo Reis)

Em sua apresentação, a socióloga indiana Gurminder Bhambra, diretora do Centro de Teoria Social da Universidade de Warwick (Inglaterra), enfocou as possíveis aberturas que podem se dar por meio da re-imaginação sociológica a partir de outras referências para além dos marcos estabelecidos pela modernidade/colonialidade. Tais mudanças de perspectivas, segundo ela, podem se desdobrar em interpelações às categorias definidas pela epistemologia dominante e até dar contornos a uma “nova geopolítica do conhecimento”.

Arturo Escobar, professor de antropologia na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (EUA), fez um amplo recorrido sobre a dimensão ontológica das epistemologias do Sul. Partiu da noção de “sentipensar” (tomada de seu conterrâneo colombiano, Orlando Fals Borda) com a terra para tratar dos mundos relacionais dos povos e comunidades da América Latina em contraste com o “mundo de um só mundo” construído como paradigma ocidental, que não só “tira gente do território” (em referência às expulsões e deslocamentos de populações por conta de empreendimentos econômicos) como “tira o território da gente”.

Juan José Tamayo; clique na imagem para ver o álbum do Colóquio Epistemologias do Sul (Foto: Rodrigo Reis)

Sempre reforçando a relação entre os modos de ser e as territorialidades, Escobar fez menção à definição da terra, nesse registro relacional e vinculado à “sociologia das emergências”, como “comunhão de sujeitos”, e não como mera “coleção de objetos”. Acerca da transição para um pós-extrativismo, salientou a relevância de experiências práticas como a que os zapatistas protagonizam no México e também concepções como a do ubuntu, em África, como contraproposta ao modelo vigente de desenvolvimento.

A sessão de abertura teve ainda a participação do teólogo Juan José Tamayo, que discorreu sobre as Teologias contra-hegemônicas do Sul: em especial a indígena e a da libertação, em compasso o processo de discussões que compõem o Fórum Social Mundial (desde a edição de 2005, em Porto Alegre, Brasil, realiza-se paralelamente ao encontro o Fórum Mundial de Teologia da Libertação). Apesar da “aliança entre a cruz e a espada” que está na base do colonialismo, Tamayo frisou o papel dessas teologias das “razões práticas” do Sul, vindas de baixo na defesa da dignidade dos povos oprimidos, teologias essas que optam pelas articulações e diálogos com outras ciências sociais em detrimento de declarações solenes.

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