Esta página não será mais actualizada!
Por favor visite o novo Alice News em alicenews.ces.uc.pt

¡Esta página ya no será actualizada!
Por favor visite el nuevo Alice News en alicenews.ces.uc.pt

This page will no longer be updated!
Please visit the new Alice News at alicenews.ces.uc.pt

Esta página não será mais actualizada!
Por favor visite o novo Alice News em alicenews.ces.uc.pt

¡Esta página ya no será actualizada!
Por favor visite el nuevo Alice News en alicenews.ces.uc.pt

This page will no longer be updated!
Please visit the new Alice News at alicenews.ces.uc.pt

Boaventura de Sousa Santos: La extraña levedad de la historia

Hay gente demasiado pequeña para ser humana. Tal vez siempre haya sido así, pero desde que la modernidad occidental se expandió por el mundo gracias al colonialismo y al capitalismo la contradicción entre la igual dignidad de todos los seres humanos y el trato inhumano dado a algunos grupos sociales tomó la forma de una fractura abismal.

Publico.es
28 Apr 2015

Una fractura por la que corrió mucha sangre y se destiló mucha hipocresía. Las zonas de subhumanidad fueron teniendo varias poblaciones (salvajes, indígenas, mujeres, esclavos, negros) pero nunca fueron clausuradas; por el contrario, se renovaron con nuevas poblaciones que ahora sustituyen a las antiguas. La zona más reciente es la de los inmigrantes indocumentados. Por eso, la sangre derramada en el Mediterráneo viene de muy lejos, tanto en el tiempo como en el espacio. Y no es casualidad que hoy se vierta tanto en el extremo norte como en el extremo sur del mismo continente, en Sudáfrica.

Las zonas de subhumanidad son zonas de no ser, donde quien no es verdaderamente humano no puede reclamar ser tratado como tal, es decir, ser sujeto de derechos humanos. A lo sumo, es objeto de discursos de derechos humanos por parte de los que viven en las zonas de humanidad. A estos no les pasa por la cabeza que las zonas donde viven no serían lo que son si no existiesen las zonas donde los “otros” “subviven” y de las que quieren salir desesperadamente movidos por la escandalosa aspiración a una vida digna. Y no les pasa por la cabeza porque la historia no les pesa; por el contrario, les confirma que sólo los emprendedores victoriosos (individuales y colectivos, pasados y presentes) merecen la humanidad de la que disfrutan. La filantropía les hace bien, pero no tienen deudas que saldar con nadie.

Sólo que no hay historia de vencedores sin historia de vencidos y estos, a menudo, no perdieron por ser humanamente menos dignos, sino sólo por no saber o poder defenderse de las atrocidades y saqueos a que fueron sometidos. En la sangre que corre en los dos extremos de África hay mucha injusticia histórica y muchas historias entrelazadas. El colonialismo europeo no terminó con la independencia de muchos de los países de los que huyen los inmigrantes. Continuó bajo la forma de controles militares y económicos, de fomento de rivalidades entre grupos étnicos para garantizar el acceso a las materias primas o para asegurar posiciones en la Guerra Fría. Muchos de los Estados fallidos fueron activamente producidos como fallidos por los poderes occidentales. El caso más reciente y trágico es Libia. ¿No era Libia una de las fronteras más seguras al sur de la Unión Europea? ¿Mereció la pena destruir un país para garantizar más fácil acceso al petróleo y servir a los intereses geoestratégicos de Israel y Estados Unidos?

Pero la historia del colonialismo europeo es mucho más compleja de lo que se puede imaginar y sólo esta complejidad puede ayudar a explicar lo que está sucediendo en Sudáfrica. ¿En qué medida los colonizados aprendieron con los colonizadores la arrogancia de racismo? Formalmente un país independiente, Sudáfrica fue, desde el inicio del siglo XX y hasta 1994, gobernado por una de las formas más crueles de colonialismo interno, el régimen del apartheid. El racismo institucionalizado, mucho más allá de una relación de poder basada en la inferioridad inherente de los negros, se convirtió en una forma general de ser y saber (racismo cognitivo) que insidiosamente se fue liberando de las grandes diferencias del color de la piel para ejercerse. ¿Es por eso que los negros sudafricanos son considerados el pueblo más intolerante de África hacia los extranjeros pobres y negros? ¿Acaso ellos, que se liberaron del apartheid, no se liberaron totalmente del régimen de ser y saber en el que se basaba? ¿Será que, como es propio de la ideología racista, un tono más oscuro de piel corresponde a un grado más bajo de humanidad? ¿Es que la solidaridad de mozambiqueños y zimbabuenses en la lucha contra el apartheid es una parte de la historia que los sudafricanos no quieren recordar para no tener que pagar deudas? ¿O acaso los sudafricanos corren el riesgo de ser europeos fuera de lugar?

A estranha leveza da história

30 Apr 2015

Há gente demasiado pequena para ser humana. Talvez tenha sido sempre assim, mas desde que a modernidade ocidental se expandiu no mundo graças ao colonialismo e ao capitalismo a contradição entre a igual dignidade de todos os seres humanos e o tratamento desumano dado a alguns grupos sociais tomou a forma de uma fratura abissal. Uma fratura por onde correu muito sangue e se destilou muita hipocrisia. As zonas de sub-humanidade foram tendo várias populações — selvagens, indígenas, mulheres, escravos, negros — mas nunca foram encerradas; pelo contrário, foram sendo renovadas com novas populações que ora se juntaram ora se substituíram às antigas. A zona mais recente é a dos imigrantes indocumentados. Por isso, o sangue vertido no Mediterrâneo vem de muito longe, tanto no tempo como no espaço. E não é por coincidência que seja hoje vertido tanto no extremo norte como no extremo sul do mesmo continente, na África do Sul.

As zonas de sub-humanidade são zonas de não-ser, onde quem não é verdadeiramente humano não pode reclamar ser tratado como humano, isto é, ser sujeito de direitos humanos. Quando muito, é objeto dos discursos de direitos humanos por parte daqueles que vivem nas zonas de humanidade. A estes não passa pela cabeça que as zonas onde vivem não seriam o que são se não existissem as zonas onde os “outros” “sub-vivem” e donde desesperadamente querem sair movidos pela escandalosa aspiração a uma vida digna. E não lhes passa pela cabeça porque a história não lhes pesa; pelo contrário, confirma-lhes que só os empreendedores vitoriosos (individuais e coletivos, passados e presentes) merecem a humanidade de que disfrutam. A filantropia faz-lhes bem mas não têm dívidas a saldar com ninguém.

Só que não há história de vencedores sem história de vencidos e estes, muitas vezes, não perderam por serem humanamente menos dignos, mas apenas por não saberem ou poderem defender-se das atrocidades e dos saques a que foram sujeitos. No sangue que corre nos dois extremos de África há muita injustiça histórica e muitas histórias entrelaçadas. O colonialismo europeu não terminou com a independência de muitos dos países donde fogem os imigrantes. Continuou sob a forma de controlos militares e económicos, de fomento de rivalidades entre grupos étnicos para garantir acesso às matérias-primas ou para garantir posições na Guerra Fria.

Muitos dos Estados falhados foram ativamente produzidos como falhados pelos poderes ocidentais. O caso mais recente e mais trágico é a Líbia. Não era a Líbia uma das fronteiras mais seguras a sul da União Europeia? Mereceu a pena destruir um país para garantir acesso mais fácil ao petróleo e servir os interesses geoestratégicos de Israel e dos EUA? Mas a história do colonialismo europeu é muito mais complexa do que se pode imaginar e só essa complexidade pode ajudar a explicar o que se passa na África do Sul. Em que medida é que os colonizados aprenderam com os colonizadores a arrogância do racismo? Formalmente um país independente, a África do Sul foi, desde o início do séc. XX e até 1994, governada por uma das formas mais cruéis de colonialismo interno, o regime do apartheid. O racismo institucionalizado, muito para além de uma relação de poder assente na inerente inferioridade dos negros, tornou-se uma forma geral de ser e de saber (racismo cognitivo) que insidiosamente se foi libertando das grandes diferenças da cor da pele para se exercer. Será que é por isso que os negros sul-africanos são considerados o povo de África mais intolerante em relação a estrangeiros pobres e negros? Será que aqueles que se libertaram do apartheid não se libertaram totalmente do regime de ser e de saber em que ele assentava? Será que, bem à maneira da ideologia racista, um tom mais escuro de pele corresponde a um grau mais baixo de humanidade? Será que a solidariedade de moçambicanos e zimbabwianos na luta contra o apartheid é uma parte da história que os sul-africanos não querem recordar para não terem de pagar dívidas? Será que os sul-africanos correm o risco de serem europeus fora do lugar?

The Strange Lightness of History

27 Apr 2015

Some people are just too small to be human, and maybe that has always been the case. But ever since Western modernity grew to span the world thanks to colonialism and capitalism, the contradiction between equal dignity for all human beings and the inhuman treatment of some social groups has taken the shape of an abyssal fracture, into which a lot of blood has been spilled and much hypocrisy distilled. The zones of sub-humanity have been inhabited by a succession of populations – savages, indigenous peoples, women, slaves, blacks – but they never really came to an end; on the contrary, they were renewed by the influx of new populations that either joined or replaced the old ones. The most recent zone is that of undocumented immigrants. This is why the blood shed in the Mediterranean stretches back a long away, both in time and in space.

And it is no coincidence that it is now being shed in the continent’s northernmost parts as well as in its southernmost country, South Africa. The zones of sub-humanity are regions of non-being, where if you are not truly human you cannot claim to be treated as human, that is to say, to be a subject with human rights. You will be, at most, the object of speeches on human rights made by those living in the zones of humanity. As to the latter, it never crosses their minds that the zones where they live would not be what they are if it weren’t for the zones where the “others” “underlive” and which those others desperately want to escape, led by the scandalous yearning for a decent life. And the reason it never crosses their minds is because history does not weigh on their conscience, but rather confirms, in their eyes, that only successful entrepreneurs (both individual and collective, past and present) are deserving of the humanity they have been allotted. Philanthropy is good for them, but they have no outstanding debt to anyone.

The truth is, however, that there is no history of vanquishers without a history of the vanquished, who often lost not because they were humanly less worthy, but merely because they either could not or did not know how to defend themselves from the atrocities and the plundering they were subjected to. The blood now flowing in Africa’s northern and southern tips is filled with historical injustices and many interwoven (hi)stories. European colonialism did not end with the independence of many of the countries those migrants keep fleeing. It went on in the form of military and economic control and of the instigation of rivalries among ethnic groups the better to ensure access to raw materials or achieve a position of advantage in the Cold War. Many failed states were actively produced as failures, to begin with, by the Western powers, the most recent and tragic case being that of Libya. Didn’t Libya use to be one of the safest borders south of the European Union? Was it worth destroying a whole country to make oil more accessible and to accommodate the geostrategic interests of Israel and the US?

But the history of European colonialism is a lot more complex than one might imagine, and this complexity is what helps explain the events in South Africa. To what extent have the colonized learned from the colonizers the arrogance of racism? Although formally an independent country, from the early 20th century up until 1994 South Africa was ruled by one of the cruelest forms of internal colonialism: the apartheid regime. More than just a power relationship based on the inherent inferiority of blacks, institutionalized racism became an overall way of being and knowing (cognitive racism) that gradually and insidiously shed major distinctions in skin colour until it became all-encompassing. Could that be the reason why black South Africans are seen as the most intolerant people towards poor black foreigners in all of Africa? Could it be that those who freed themselves from apartheid did not free themselves entirely from the regime of being and knowing on which it was based? Could it also be that, in typical racist ideology fashion, a darker shade of skin equals a lower degree of humanity? Could it be that the solidarity of Mozambicans and Zimbabweans in the struggle against apartheid is a part of history South Africans do not wish to remember so they don’t have to pay their debts? Are South Africans in danger of becoming misplaced Europeans?

Related posts:

  1. Boaventura de Sousa Santos: Celebrar a Ciência e a Cidadania
  2. Otra Vuelta de Tuerka – Pablo Iglesias con Boaventura de Sousa Santos
  3. Boaventura de Sousa Santos: Carta a los jóvenes y a las jóvenes de México
  4. Boaventura de Sousa Santos: Acusemos Israel
  5. Carta abierta de Boaventura de Sousa Santos a las autoridades brasileñas

Designed by WPSHOWER

Powered by WordPress

CES UC CES SFP
Site developed with
Software Open Source

Creative Commons License